domingo, 16 de novembro de 2008

O técnico de boxe Odmar Braga em companhia de Servílio de Oliveira medalhista de boxe olímpico.




11/16/2008

Nocaute

Com bastante determinação, pugilistas de uma academia de Maranguape I colocam a violência e as drogas na lona.

Brenno Costa

O lugar é humilde. Não há muro, e o mato baixo ocupa o espaço que seria da calçada. Dentro do galpão, aguardam a chegada da reportagem, sentados em dois bancos de madeira, sete jovens ao lado de um senhor com uma barba comprida, que, de imediato, levanta-se e dá o comando para os alunos começarem o aquecimento para a aula. Matéria do dia: boxe. Não apenas aquele esporte que carrega o equivocado rótulo de violento, mas o que ensina a se esquivar das más companhias e a nocautear o mundo da violência e das drogas.

O mentor da idéia é um senhor de 56 anos chamado Odmar Braga ou “mestre Odmar”, como os alunos preferem. Ele comanda a Associação Tigre, em Maranguape I, no município de Paulista, desde 2004. A quantidade de alunos varia de acordo com a época. Às vezes, são 20, mas tem momento que chega a dez ou menos. “Aqui, o jovem vai gastar a energia com os amigos e não na rua. O objetivo não é dar pancada e sim aprender um esporte olímpico que deixe eles longe das más influências”, revela Braga, enquanto os comandados terminam de se aquecer.

Nesse tempo de contato com o boxe, os jovens aprenderam algo a mais que os ganchos, jebs e diretos. A palavra disciplina é citada por eles como um dos principais conhecimentos adquiridos. Foi assim com Paula Danielle de Oliveira, de 21 anos, a única mulher do grupo. “Era muito brigona”, afirma a jovem, que se interessou pelo boxe por meio do irmão, que também lutava. “Se não tivesse entrado aqui, continuaria brigando. Aprendi muitas coisas como a disciplina. Além disso, dou mais valor a minha saúde porque, quando se pratica um esporte, a pessoa tem uma dieta balanceada e se preocupa com o corpo”.

Outro que também encontrou um novo caminho com o boxe foi Edenílson Barros da Silva, de 29 anos, o mais velho da turma e também o mais forte. Com 115 quilos e 1,83 metro, o pugilista, que é chamado de Tyson, por lembrar as características físicas do ex-lutador, entrou nos ringues há pouco mais de três anos. “Aprendi a questão da dedicação e a ser verdadeiro. Se tivesse entrado aqui antes, teria mais objetivos na minha vida. Tudo que aprendo com Odmar anoto na minha mente para tentar fazer depois”, diz.

Hoje, os alunos já superaram os “momentos de rebeldia” e se preparam para competir. O objetivo é enviar atletas para representar Pernambuco no Campeonato Brasileiro Segundo Braga; “Como é que numa condição precária como essa, temos uma boa parte da seleção pernambucana de boxe? Não temos apoio algum. Temos dificuldade para conseguir até mesmo equipamentos e material de treino”.

sábado, 25 de outubro de 2008